Pet shop culpa 'condições climáticas extremas' por morte de 3 cães em carro; polícia investiga maus-tratos
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Pet shop culpa 'condições climáticas extremas' por morte de 3 cães em carro
A defesa do pet shop de Americana (SP), que estava com os três cachorros que morreram na última quinta-feira (11) por suspeita de hipertermia, afirmou que o episódio é um "caso fortuito, em razão das condições climáticas extremas registradas naquela data". Confira abaixo.
🔎 Hipertermia é o aumento excessivo de temperatura corporal e pode levar a uma cascata de fatores, como vasodilatação, desidratação, insuficiência renal, edema cerebral, convulsões, choque térmico e morte.
No dia das mortes, Americana registrou temperatura máxima de 33.3 ºC e umidade relativa do ar mínima de 11%, segundo o Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro). Já a Defesa Civil apontou que a umidade relativa do ar chegou a 9,51%.
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Naquela semana, de 7 a 13 de setembro, o dia com a maior máxima registrada foi a sexta-feira (12), quando Americana alcançou 35.5 ºC e a umidade relativa mínima foi de 7.6%.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o filho da tutora dos animais disse na delegacia que a proprietária do pet shop alegou ter precisado realizar outra entrega em endereço distante e, por esse motivo, deixou os animais no carro por aproximadamente 1h30.
Cristal (8 anos) e Luna (10 anos) eram da raça shih tzu e Fofão (11 anos) era lhasa apso. Eles pertenciam a uma senhora de 71 anos, que mora com o filho e uma parente.
"Foi a morte de três animais da família que, inclusive, viviam com uma senhora de 71 anos de idade, que vivia em função desses animais. E agora ela está em choque, está completamente abalada e nós não sabemos ainda o que vai acontecer", diz o advogado dos tutores, Rafael Possedon.
Luna, Fofão e Cristal morreram sob cuidados de pet shop de Americana
Arquivo pessoal
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O caso foi registrado no 1º Distrito Policial (DP) de Americana, que apura se houve maus-tratos ou abuso a animais.
Como foram as mortes
Segundo o boletim de ocorrência, a proprietária do pet shop, acompanhada da filha, buscou os três cães na casa da família às 9h20 do dia 11 de setembro. Eles passariam por banho e tosa e deveriam estar de volta às 12h, segundo o advogado.
Até as 16h20, os animais ainda não haviam retornado. O filho da tutora, então, questionou a dona do estabelecimento pelo WhatsApp, perguntando se havia acontecido alguma coisa e se estava tudo bem.
"Não está tudo bem (...) Eu [tô em] estado de choque. Eles morreram. Não sei explicar o porquê", escreveu a proprietária em resposta.
Às 17h, a mulher levou o corpo dos animais até a casa dos tutores. O filho da tutora pediu que eles fossem encaminhados para a clínica Univet, de confiança da família.
Hipertermia
A médica veterinária Patrícia Comelato recebeu os corpos dos animais em caixas de transporte e verificou que eles não tinham indício de maus-tratos ou violência.
A dona do banho e tosa teria mencionado a ela que chegou a deixar os animais por volta de 1h30 dentro do carro.
Patrícia, então, constatou que a provável causa da morte era hipertermia, descrito por ela como calor intenso.
Ao g1, ela disse que acredita que a dona do pet shop não tinha conhecimento de como o calor poderia afetar os animais.
"Tenho certeza que a pessoa não teve a intenção e nem tinha a noção da gravidade do calor para animais de focinho curto nesse calor", contou a veterinária.
O que diz o advogado da família?
Advogado dos tutores, Rafael Possodon afirmou que "a família está em choque". Ele afirma que, do ponto de vista criminal, vai aguardar a investigação da polícia, que apura se houve abuso de animais.
A pena para esse tipo de crime varia de 2 a 5 anos, com aplicação de multa e proibição de guarda de animais.
Possodon acrescenta que, do ponto de vista civil, a família irá pedir uma indenização pela má prestação de serviços.
"O que nós queremos, agora, é uma indenização. É claro que não vai trazer esses animais de volta, mas é um alívio pra essa família, por todo esse sofrimento que eles têm passado, por ter perdido esses animais, essa aflição, né? E também tem um caráter educativo, para que eles jamais voltem a cometer uma ocorrência como essa", comenta o advogado.
O que diz a defesa do pet shop?
Em nota, os advogados Karulaine Cristina da Silva e Fernando de Figueiredo Beluzzo, procuradores do pet shop, afirmam que "o ocorrido trata-se de uma fatalidade, sem qualquer intenção da proprietária, que sempre atuou com zelo e responsabilidade no atendimento aos animais".
A defesa reforça que a proprietária estava abalada quando comunicou a morte dos cachorros aos tutores, e que trajetos semelhantes já foram realizadas antes. Confira a nota na íntegra:
"No dia dos fatos, diversos animais foram atendidos e entregues normalmente, inclusive aqueles que, lamentavelmente, vieram a óbito, frequentadores assíduos do estabelecimento há cerca de três anos. Ressalta-se que trajetos semelhantes já haviam sido realizados em outras ocasiões, sem qualquer intercorrência, sendo o episódio caracterizado como um caso fortuito, em razão das condições climáticas extremas registradas naquela data.
Assim que percebeu a ausência de sinais vitais, a responsável buscou socorro junto a uma clínica veterinária, que constatou o óbito. Em estado de choque e profundamente abalada, a proprietária comunicou os fatos à tutora e, posteriormente, levou os animais à clínica por ela indicada.
Registre-se que a própria médica veterinária Patrícia Comelato confirmou que os animais não apresentavam sinais de maus-tratos. A defesa reforça que todas as circunstâncias serão devidamente esclarecidas às autoridades competentes, com a apresentação das provas pertinentes."
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