Justiça solta família suspeita de desviar produtos de empresa para revender pela internet
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Pai e filho são presos em Ribeirão Preto suspeitos de desviar mercadorias de distribuidora
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu, nesta terça-feira (16), liberdade provisória ao pai, mãe e filho suspeitos de desviar mercadorias de uma distribuidora para vender em sites de e-commerce.
Hélio Alves Rico, Ivone De Paula Moreira Rico e Wilyesley Moreira Rico haviam sido presos em Ribeirão Preto (SP) na segunda (15), como resultado de investigações que começaram em Campinas (SP), onde fica a sede da distribuidora.
Funcionário da empresa, Helio usava a casa onde vivia com Ivone e Wilyesley, em Ribeirão, como depósito para os produtos que desviava. Eles ainda mantinham um CNPJ para dar uma aparência de que o esquema não era ilegal (veja abaixo detalhes).
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Ao conceder a soltura, por outro lado, a Justiça determinou o cumprimento de medidas cautelares para o trio, sob pena de revogação da liberdade provisória. São elas:
Comparecimento bimestral em juízo para informar e justificar suas atividades;
Proibição de ausentar-se da comarca por mais de oito dias sem prévia autorização judicial;
Vedação de utilização de plataformas de venda on-line;
Não mudar de endereço sem prévia comunicação;
Não praticar qualquer outro fato definido como crime.
A família deve responder pelos crimes de furto qualificado por abuso de confiança, receptação e formação de quadrilha.
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Entenda abaixo o que se sabe e o que falta saber sobre o crime:
Qual era a função de cada um na quadrilha?
Como o esquema de desvio de mercadorias funcionava?
Como ele foi descoberto?
O que dizem os suspeitos?
Há outros funcionários envolvidos?
Qual era a função de cada um na quadrilha?
O funcionário da empresa de logística de Campinas era responsável por desviar os produtos e trazer para Ribeirão Preto. Ele retirava a mercadoria sem registro do estoque e levava para a casa onde vivia, com a mulher e o filho, no bairro Ribeirânia, onde os produtos ficavam armazenados.
Câmeras de segurança da empresa flagraram a ação. Foram as imagens que ajudaram a polícia identificá-lo e chegar até ele.
Câmera de segurança de empresa flagrou funcionário desviando mercadoria em Ribeirão Preto (SP)
Câmera de segurança
O filho é contador e chegou a abrir uma empresa para dar uma aparência de que o esquema não era ilegal, umas vez que a comercialização dos produtos ocorria pela internet e era necessário comprovação de CNPJ para manter cadastro nos sites de e-commerce.
Segundo o delegado Elton Costa, os produtos vendidos tinham, inclusive, nota fiscal.
"Ele emitia uma nota, tem toda certificação e ele tinha toda uma relação com os objetos, então ele dava toda uma credibilidade, dando uma maior sofisticação ao crime, tanto que isso se perpetuou por um tempo grande".
A mulher tinha total ciência do esquema e ainda ajudava o marido e o filho, conforme apontaram as investigações.
"Além de ter ciência da origem dos objetos, nós verificamos que ela ajudava de uma forma ou outra na embalagem e na venda. Tanto que eles eram vendidos pela internet, então ela colaborava, de qualquer forma, por isso. Por isso que entendemos a participação dela no crime".
Como o esquema de desvio de mercadorias funcionava?
As investigações da Polícia Civil de Campinas apontam que o desvio de mercadorias feito pelo funcionário de Ribeirão Preto já ocorria há anos. A data exata de quando o esquema começou ainda não foi estipulada, mas o suspeito trabalhava na empresa há bastante tempo, segundo o delegado.
A casa da família, no Ribeirânia, zona Leste de Ribeirão Preto, era utilizada como depósito das mercadorias desviadas.
"Depósito no sentido que os objetos que estavam anunciados por essas duas plataformas, estavam guardados lá esperando algum interessado na venda para que fossem entregues", diz o delegado.
O funcionário da empresa conseguiu encontrar uma falha no sistema que o possibilitou atuar por anos sem ser descoberto.
Pai e filho são presos em Ribeirão Preto, SP, suspeitos de desviar mercadorias de transportadora
Divulgação/Polícia Civil
Como o esquema foi descoberto?
De acordo com a polícia, as investigações começaram depois que a distribuidora notou o sumiço de um medidor de energia.
A partir daí, o caso começou a ser investigado e o funcionário foi flagrado em ação por câmeras de segurança. Ele retirava mercadorias sem registro e levava para casa, onde os produtos ficavam armazenados. Depois, o filho anunciava os itens, a preços abaixo do mercado, em sites de compra e venda on-line.
Os produtos encontrados na casa da família foram apreendidos, assim como celulares e computadores.
A Polícia Civil também pediu a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos envolvidos para descobrir se o funcionário desviava produtos que seriam entregues em Ribeirão Preto ou se pegava mercadorias de outros colegas da empresa.
A quantidade de mercadorias desviada ainda não foi computada pela Polícia Civil, mas o delegado já informou que a maioria dos produtos é de alto valor.
Mercadorias apreendidas em residência em Ribeirão Preto (SP) foram desviadas de empresa de logística de Campinas (SP)
Cacá Trovó/EPTV
O que dizem os suspeitos?
À polícia, o funcionário da distribuidora disse que passou a desviar os produtos para vender por conta própria porque a empresa tinha uma dívida com ele que não tinha sido paga.
"No primeiro momento, o funcionário já confessou o crime, nos levou até o local, que era um quarto dentro da casa dele que já tinha até objetos próprios para serem embalados e encaminhados, então ele não negou o crime. Quis alegar que essa empresa tinha uma dívida com ele, então ele, supostamente, justifica a conduta em uma forma de saldar essa dívida", diz o delegado.
Ainda segundo ele, o valor desviado, no entanto, supera em muito a dívida que o suspeito alegou que haveria com a empresa.
Pai, mãe e filho foram presos em Ribeirão Preto suspeitos de desviar mercadorias de distribuidora em Campinas
Reprodução/EPTV
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