Guerra tarifária e máquinas agrícolas: quais os desafios e as oportunidades para as indústrias brasileiras?

  • 25/04/2025
(Foto: Reprodução)
Especialistas veem impactos como volatilidade de preços e aumento nos custos de importação, mas veem possibilidades como abertura de novos mercados. Em 2024, empresas do setor exportaram US$ 1,54 bilhão. Guerra tarifária pode afetar venda de máquinas agrícolas, mas expectativa por reforma tributária também cria esperanças para o setor. Julio Araujo A guerra tarifária iniciada por Trump na presidência nos Estados Unidos tem causado incertezas em diversos setores econômicos, e o mercado de máquinas agrícolas não ficou imune. Embora o Brasil não seja um dos principais exportadores para o mercado americano, as alterações nas tarifas e as mudanças no comércio podem afetar a competitividade e as negociações, inclusive, na Agrishow, maior feira de tecnologia para o agronegócio do país. A edição deste ano, que acontece entre os dias 28 de abril e 2 de maio, em Ribeirão Preto (SP), projeta R$ 15 bilhões em intenção de negócios. Siga o canal g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp O impacto sobre o setor de máquinas agrícolas brasileiras é monitorado de perto por especialistas, economistas e líderes do setor, uma vez que a disputa pode alterar tanto a oferta quanto a demanda de máquinas e implementos, além da cadeia de suprimentos global. “A gente geralmente fornece implementos agrícolas, mas sem ser um valor agregado tão alto como os americanos. Para nós, devemos continuar crescendo, com o mercado se desenvolvendo com os nossos clientes tradicionais. É difícil a gente falar que vai impactar isso, se você não for diretamente afetado por um alto custo de imposto e importação”, afirma Edgard Monforte Merlo, professor da FEARP/USP e mestre em economia. O Brasil exportou em 2024 US$ 1,54 bilhão em máquinas e implementos agrícolas, com negócios concentrados principalmente em países da América Latina, segundo dados da câmara setorial que faz parte da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Nos últimos dez anos, segundo a entidade, esse volume cresceu em média 7,1% ao ano. Para entender melhor os efeitos nesse cenário, o g1 ouviu especialistas para falar sobre os possíveis no setor agrícola. Máquinas agrícolas brasileiras movimentaram US$ 1,5 bilhão em exportações em 2024 Divulgação/ TMA Volatilidade de tarifas Presidente da câmara setorial de máquinas e implementos agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão Bastos analisa que a incerteza nos mercados internacionais tem gerado dificuldades para os fabricantes brasileiros, que enfrentam a volatilidade de preços e tarifas em constante mudança. “As exportações de bens de capital exigem negociações de longo prazo. É necessário criar vínculo e acertos com o importador que podem demorar meses. É normal também a programação de importação pelos distribuidores serem semestrais e anuais", afirma. Ele ressalta que, ao menos por enquanto, não houve problemas nas negociações, mas que o cenário ainda pode mudar. "Não temos por enquanto grandes rupturas, como aumento nas exportações nem grandes cancelamentos. Tudo ainda está muito incerto para elaborar grandes decisões, seja do lado do fabricante quanto a do importador." Preço dos componentes importados Gerente comercial corporativo da TMA Máquinas, Márcio Leão avalia que o maior impacto para a indústria está em componentes, como motores e sistemas de automação, que ainda dependem de importação, embora o o Brasil, nos últimos anos, tenha mostrado uma grande capacidade de adaptação e um aumento do número de fornecedores locais. “Durante a pandemia, vimos a necessidade de adaptar rapidamente nossa cadeia de suprimentos. Com a alta nos custos e a instabilidade do mercado global, começamos a investir em alternativas nacionais. Agora, já podemos contar com uma rede de fornecedores locais que nos atende. Isso pode ser fundamental para evitar possíveis impactos no futuro", analisa. Leão, por outro lado, destaca oportunidades que surgem nesse cenário, como o protagonismo brasileiro. “O Brasil tem um setor agrícola extremamente forte e, com isso, tem o potencial de se tornar um player ainda mais relevante no mercado de máquinas agrícolas. A chave será investir em inovação, em novos fornecedores e, claro, em um pós-venda eficaz.” LEIA TAMBÉM Gotejamento, protetor solar de folhas, dados: como cafeicultores buscam renovar lavouras após prejuízos com incêndios Pecuária de confinamento: o que é e qual importância da modalidade no mercado brasileiro de gado de corte Estilo mais duro de Trump gera incertezas Getty Images via BBC Reforma tributária e decisões políticas Para os próximos meses, a expectativa é de possíveis oscilações nas tarifas e negociações intensas entre as potências econômicas. Em meio a tudo isso, a reforma tributária, discutida há anos e prevista para entrar em vigor em 2026, pode trazer um alívio para o setor, com a redução de encargos e maior competitividade para as exportações brasileiras, ainda que isso demore a acontecer. “Com a reforma tributária, os resíduos tributários serão extintos e tornarão nossos produtos mais competitivos. É uma jornada de longo prazo, que começa em 2026 com efeitos completos somente em 2033. Mas trará mais competitividade às nossas exportações.”, afirma Bastos. O representante da Abimaq também explica que, mesmo com o fortalecimento da cadeia de suprimentos doméstica, fundamentais para atenuar os impactos dessa guerra tarifária, o mercado continuará dependente de decisões políticas, negociações comerciais e da adaptação do Brasil a novas realidades econômicas globais. Nesse contexto, o diálogo com a China pode fazer toda a diferença. Por um lado, ele enxerga uma possibilidade de maior importação de produtos de menor valor agregado e que não dependem de serviços de pós-venda especializados. Por outro, uma chance de expansão para o mercado asiático dos grandes equipamentos produzidos pela indústria brasileira. “Qualquer movimento de importação de máquinas chinesas será em produtos de menor valor e que o pós-venda não é imprescindível. Para máquinas de maiores valores e que precisam de um pós-venda ativo, o movimento é de médio e longo prazo. Por outro lado, a taxação da China por produtos agrícolas americanos abre um potencial aumento das nossas exportações agrícolas, mais especificamente soja, carnes e algodão”, conclui. Produtores de café lidam com as incertezas do tarifaço de Trump Veja notícias da Agrishow 2025 VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/agrishow/noticia/2025/04/25/guerra-tarifaria-e-maquinas-agricolas-quais-os-desafios-e-as-oportunidades-para-as-industrias-brasileiras.ghtml


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